TJMG - Decisão | 20.02.2014
O Centro Universitário de Belo Horizonte (Uni-BH) foi condenado a indenizar
em R$ 20 mil uma aluna que teria sido vítima de propaganda enganosa. A
instituição teria afirmado que os alunos que frequentassem o curso de matemática
estariam aptos para lecionar a matéria de física. A decisão é da 12ª Câmara
Cível do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) que reformou a sentença da
6ª Vara Cível de Belo Horizonte.
Consta nos autos, que a universitária V.C.P. era aluna de outra
universidade da cidade de Betim, na região metropolitana da capital. Ao saber da
possibilidade de ter licenciatura em duas matérias ao mesmo tempo, a aluna pediu
transferência da PUC de Betim para a Uni-BH. Ao receber o diploma, em 2004,
tomou conhecimento de que a conclusão do curso continha apenas a licenciatura em
matemática. O que gerou danos, inclusive, a universitária perdeu o emprego em
que lecionava a matéria de física.
A aluna ajuizou ação de indenização por danos morais contra a
instituição. O juiz de Primeira Instância negou o pedido da universitária,
entendendo que ela deveria ter a certeza da informação através dos meios
próprios como consulta a lei ou ao órgão responsável pela regulamentação do
curso.
V. recorreu ao Tribunal de Justiça pedindo que a indenização por danos morais
fosse considerada, já que ela sofreu danos por ter sido enganada.
Para decidir, o desembargador Nilo Lacerda, relator do recurso, analisou a Portaria número 399/89 do MEC. “Até sua revogação pela Portaria 524/98, restava prevista a possibilidade da licenciatura em física, daqueles que concluíssem o curso de licenciatura em matemática”, afirmou. Portanto, a Portaria fora revogada e essa prática não era mais válida.
“Dessa forma, não obstante a instituição tenha continuado a ofertar o
curso de matemática, com capacitação para o cursando lecionar física,
constata-se que tal situação se revelou efetivamente imprópria, porquanto, como
visto, já em 1998, houve a revogação daquela Portaria”, afirmou o relator.
O desembargador julgou que ficou evidente na publicidade da época da
oferta do curso pela instituição que a licenciatura em matemática dava
possibilidade de lecionar física para o ensino médio. “Assim, ante a falha na
prestação de serviço, a universitária experimentou prejuízos de ordem moral,
decorrente de sua frustração profissional, que deverá carregar pelo resto de
seus dias ou ter que fazer novo curso superior específico em física. Isso não
pode ser classificado como mero aborrecimento, devendo, pois, a indenização ser
fixada”, concluiu.
Sendo assim, o relator modificou a decisão da Primeira Instância e condenou a Uni-BH a indenizar em R$ 20 mil a aluna, tendo seu voto acompanhado pelos desembargadores Alvimar de Ávila e Saldanha da Fonseca.
Assessoria de Comunicação Institucional - Ascom
TJMG - Unidade Raja Gabaglia
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